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RETALHOS QUE ME HABITAM - Teko Semente

Você sabe como nasce um vestido-poema? O primeiro passo é ver o material disponível como terra fértil. É preciso selecionar e cuidar dos retalhos de tecidos, para depois fazer sua junção. Com os tecidos em mãos, é hora de deixar fluir as modelagens na máquina de costura. E por último entram as palavras, vagarosamente, vindas da cabeça do bordador para a agulha.


Vivendo em um mundo que gira às pressas, deixamos de valorizar esses processos manuais e passamos a optar pelo modo “fast” – rápido -, mesmo quando o assunto é moda. Essa indústria, que está entre as mais poluentes do planeta, nos oferece o chamado “fast fashion”, onde tudo é produzido, consumido e descartado com rapidez. Nesse cenário, damos nossa contribuição para o consumismo desenfreado, o esgotamento de recursos naturais e a geração de toneladas de resíduos.


No contra fluxo desse movimento, há quem se permita demorar. Quem reconheça a importância do plantio, da colheita, do trabalho e da natureza. Em meio a Mata Atlântica, numa casinha de roça, em Paraty, encontra-se o atelier de Teko Semente, artista caiçara que desenvolve moda com responsabilidade ambiental. Em sua usina criativa, Teko reinventa o dispensável e reutiliza retalhos descartados pela indústria. Traça o caminho oposto à efemeridade das tendências e põe a fábrica da poesia a todo vapor.


Entusiasta da simplicidade, o artista transfere para o seu trabalho a leveza da vida por entre a mata, os banhos de cachoeira, as risadas dos filhos e as frutas colhidas no pé. Dono de uma sensibilidade ímpar, Teko deixou de escrever apenas no papel em branco e começou a bordar poesias à mão, em cada peça que produz. Foi assim que nasceram os vestidos-poema presentes nessa sala. Com retalhos, linhas, cores e palavras, Teko se aventura pelo ofício de vestir o mundo de poesia.


Tayná Pádua



 

Curadoria: Patrícia Gibrail

Produção: Emanuel Gama

Design: Leonardo Assis

Texto: Tayná Pádua

Fotos: Leonardo Assis


Abertura: 25 de outubro de 2019

Encerramento: 22 de novembro de 2019

Sala Dona Geralda

 

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO | 25/10/2019

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