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  • Foto do escritorCasa da Cultura de Paraty

Festa de Santa Rita 2020

VIVA SANTA RITA

Foto: Michelle Quirino

Aos fins de julho é comemorada em Paraty a festa de Santa Rita, a santa das causas impossíveis, cuja igreja destaca-se entre os mais belos monumentos da cidade. Por aqui, sua celebração procede a Festa do Divino e assim ficou consagrada no calendário cultural, no entanto, sua data original é 22 de maio.

Em louvor a Santa Rita de Cássia acontecem missas, procissões e ladainhas, no único momento em que a igreja que leva seu nome, reaberta em 2015, realiza ofícios religiosos, pois é lá que está situado o Museu de Arte Sacra do município. No período da festividade, a cidade ganha um clima gostoso de quermesse e as bandeirinhas amarelas e brancas trançadas no alto das ruas funcionam como um lembrete de fé e alegria.



A Igreja e as festas de Santa Rita

Iniciada em 1722 pelos homens pardos libertos do distrito, foi fundada sob o título do Menino Jesus, Santa Rita e Santa Quitéria, sendo vigário o Padre Manoel Braz Cordeiro, passando posteriormente à Venerável Irmandade da Gloriosa Santa Rita. Nos séculos XVIII/XIX e XX, abrigou a Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, cuja imagem setecentista de origem sergipana, juntamente com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, de origem portuguesa, ainda integram os retábulos colaterais de canto, na nave da igreja, reafirmando o que observou o arquiteto do IPHAN, Lúcio Costa: “Santa Rita de Cássia é a mais valiosa, tanto pelo apuro da cantaria e do trabalho de madeira, nas portas e do ferro, na sóbria elegância das sacadas do coro, quanto pela talha dos altares colaterais de canto, com belas imagens de Nossa Senhora e enquadrando, na forma usual, a capela mor.”

A talha dos retábulos, produção da segunda metade do século XVIII, de gosto rococó, possui semelhanças com os retábulos da igreja de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, igreja de Nossa Senhora da Conceição, em cunha, Catedral de Santo Antônio em Guaratinguetá, Basílica Velha de Nossa Senhora Aparecida e Catedral de São Francisco das Chagas em Taubaté.

Santa Rita, cujo dia é celebrado em 22 de maio, ainda é festejada durante duas vezes no ano, com missa solene. No período da festa, sempre no final de julho, possivelmente por ser a data de sua provisão do Cabido Sede Vacante (30 de julho de 1722). Antecede a mesma o novenário, com a participação de dez andores, leilão de prendas, danças e arraial com barraquinhas. Neste período, no dia 16 de julho, acontecia também a “Missa Incensada de Nossa Senhora do Carmo”, acompanhada de orquestra, com benção e distribuição de escapulários aos membros da Irmandade. Esses costumes foram resgatados na década de 1980, pela dedicação da comunidade religiosa, aliada ao empenho dos técnicos do IPHAN, que atuaram de maneira permanente no município tombado de Paraty.

Foto: Patrick Mathias

Este conjunto arquitetônico, composto de igreja, consistório, sacristia, varanda, cemitério com columbário, de gosto neoclássico, erguido após a chegada do Rei de Portugal, Dom João VI ao Brasil, por questões de higiene, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1952, passando no período de 1967 a 1976 por minuciosa restauração para funcionar também como museu. Foi requalificado em 2014 após grandes obras de restauração, manutenção e conservação e reaberto ao público em 2015.



 

Texto: Julio Cezar Neto Dantas

Diretor do Museu de Arte Sacra de Paraty e do Museu Forte Defensor Perpétuo de Paraty/ Ibram

Imagem de Santa Rita de Cássia, madeira policromada e dourada, século XVIII

Foto: Sylvana Lobo/ Ibram

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