Nascido em julho de 1933 em Paraty, dos cinco aos dez anos viveu com sua numerosa família no alto do Coriscão, no sítio estrategicamente, situado na trilha que vai até Ubatumirim, por onde passava a linha dos telégrafos que seu pai, Benedito José, na profissão de guarda-linha, tinha a missão de conservar. Desse período traz recordações da vida rural, muito retratada em seus quadros: a lida na roça, a casa de farinha, as tropas, as folias do Divino, casebres de pau-a-pique, terreiros de criação, plantações e o verde vibrante de nossas matas. Com a volta da família para a cidade, ainda criança, reencontrou os costumes daquela vida antiga, as brincadeiras, as figuras típicas, o casario, as festas religiosas, os afazeres da vida no mar, o folclore e os personagens do dia-a-dia que ainda circulam em nossas ruas, como os mascarados do carnaval, cuja técnica de papel machê, junto com o irmão Natalino, dominava muito bem, passando esse legado a seus filhos e netos. Na juventude dedicou-se várias vezes às encenações teatrais da Semana Santa, quando preparava cenários e objetos de cena. Mais tarde usou essa experiência para colaborar com as peças de Themilton Tavares. Muito dessas cenas da Paixão foram representadas em seus quadros. No início com as próprias tintas que usava em seu ofício de pintor de paredes e pedreiro, mais tarde com tintas adequadas que, como incentivo ao seu talento, recebia como presente de artistas plásticos já consagrados, que vinham retratar nosso rico conjunto arquitetônico e cultural, como Djanira e Takaoka. Seu maior período de criação veio junto com a “invasão” experimentada em Paraty, com o tombamento e reconhecimento como monumento cultural e turístico, nas décadas de 60 e 70.
Período em que o mundo todo pregava o lema “faça amor não faça a guerra” e o Brasil vivia os anos de chumbo da ditadura. Paraty como um doce refúgio paradisíaco atraiu para cá muitos hippies, artistas, intelectuais, cineastas e suas produções. Período de intenso movimento artístico-cultural na paisagem colonial, no bar do Abel e no Valhacouto, de José Kleber. João José, como muitos outros paratienses, viveu intensamente esse período, em que foi reconhecido e que vem engrandecer nossa cultura até os dias de hoje.
Texto: Jubileu
Curador: Lúcio Cruz
Abertura: 13 de junho de 2014
Encerramento: 20 de julho de 2014
Sala Dona Geralda
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